Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia

- Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia -
Em Apúlia tudo é verdadeiro... até o traje.
Ligado ao mar e ao sargaço, o folclore, em Apúlia, assume características muito específicas, e únicas no litoral português.
Aqui, o agricultor-sargaceiro, sempre que o movimento das marés prenuncia a aproximação de uma boa “mareada”, larga toda a sua actividade nos campos e vai para a praia. Mas, por vezes, a espera pelo “assejo” – o momento exacto em que o mar arroja a terra as primeiras algas dando lugar, então, ao ínicio da “mareada” – pode ser longa, e há que preencher esses tempos mortos.
A expectativa de mais um dia grande e enriquecedor, torna as pessoas alegres e folgazãs, e todos dão largas à ansiedade que os possui. Logo aparece alguém a tocar concertina, outros cavaquinho, viola, ferrinhos, bombo e reque-reque e a festa acontece. Homens e mulheres, principalmente os mais novos, juntando-se aos pares, ou em roda, cantam e dançam com a alegria bem característica das gentes da beira-mar.
Decorrido algum tempo é necessário prestar atenção ao mar, não vá o lençol de sargaço ter-se já aproximado de terra, e o “assejo” estar iminente.
Pára a dança. As mulheres sentam-se, lânguidamente, na areia da praia; os homens, de pé, observam atentamente o comportamento do mar. Se o lençol de sargaço que se vai formando ao longe ainda demora a aproximar-se da costa, a dança recomeça com a mesma alegria e vigor. Até que, a determinado momento, alguém grita a plenos pulmões “ARGAÇO” – e a festa acaba ali para dar lugar à “mareada” – quatro horas de labuta constante, no afã de ser arrecadado todo o sargaço possível.
Cada homem, munido do “galhapão” ou da “graveta” corre para o mar, enfrenta as vagas, até onde lhe for possivel, sem colocar em risco a sua segurança, e vai arrecadando as algas nelas envoltas. A mulher retira o xaile e o chapéu, coloca-os em lugar resguardado, sobre a areia, e aguarda na borda do mar o momento de ajudar o sargaceiro que vem a terra com cada carga de sargaço.
A apanha do sargaço que, como se diz antes, assume em Apúlia características únicas, fez com que o sargaceiro fosse considerado, há longos anos, o ex-líbris do concelho de Esposende.